Luthier
Baixistas - John Paul Jones
Aproveitando que hoje é o lançamento oficial de Celebration Day, filme que mostra o show do Led Zeppelin gravado no O2 Arena em 2007, vou falar um pouco sobre o baixista John Paul Jones. O show foi um tributo ao fundador da Atlantic Records, Ahmet Ertegun, e contou com Jason Bonham substituindo o pai nas baquetas (muito bem por sinal). Esse foi o primeiro show da banda em 27 anos e levou 20 milhões de pessoas a se inscreveram para o sorteio, mas apenas 18.000 sortudos conseguiram comprar o ingresso.
Vi o lançamento do filme nos cinemas e recomendo. Foi emocionante ver a melhor banda de todos os tempos, na minha opinião, claro, tocando ao vivo novamente. Lógico que eles não tem mais o vigor e habilidade de quando eram mais novos, mas os tiozinhos ainda mandam muito bem. A impressão que eu tive é que eles se divertiram de verdade naquele dia.
Voltando a John Paul Jones, talvez ele seja um dos baixistas mais subestimados do rock. Não que ele não seja reconhecido, mas talvez não o tanto quanto merece. Convenhamos que não deve ser fácil se destacar tendo como companheiros de banda - Robert Plant, com vocais potentes e presença de palco; Jimmy Page, gênio das guitarras; e John Bonham, destruindo na bateria. Além disso, Jones tem a personalidade mais introspectiva e reservada. Ele costumava ficar lá trás do palco perto da bateria. Muitas vezes se referiam a ele como "the quiet one".
Jones (nascido John Baldwin em Kent, Inglaterra e atualmente com 66 anos) na verdade é um multi-instrumentista. Além de baixo, toca teclado, bandolim, ukelele, lapsteel guitar e mais um bocado de instrumentos de corda. É também compositor, arranjador e produtor de discos. Filho de músicos, começou tocando piano ainda criança e logo depois aprendeu a tocar baixo e órgão. Aos 14 anos ele disse que queria tocar baixo, o pai dele sugeriu que ele aprendesse saxofone para não passar fome. Mas ele insistiu e convenceu o pai a comprar um baixo. Sua base musical é de jazz e de música de orquestra.
Antes de entrar no Led Zeppelin em 1968, Jones já era um músico, diretor e arranjador musical reconhecido. Tinha trabalhado, por exemplo, com Rolling Stones, Jeff Beck e Yardbirds. Nesses tempos de músico de estúdio, John Paul Jones já havia cruzado com Jimmy Page, que também atuava nessa área, algumas vezes. Jones estava ficando cansado com o volume de trabalho. Gravava 2 ou 3 sessões por dia, de 6 a 7 dias por semana. Em 1966, Page fazia parte dos Yardbirds quando Jones o contactou e disse que gostaria de participar em um projeto futuro com ele. Pouco tempo depois o Yardbirds se desfez. Page ainda tinha uma agenda de shows para cumprir e o convidou para participar do New Yardbirds, em seguida Plant e Bonham se juntaram ao grupo que logo mudou de nome para Led Zeppelin. O resto é história.
Apesar da maioria das músicas da banda serem assinadas por Page/Plant, Jones teve participação fundamental na composição e no arranjo de várias músicas brilhantes como, por exemplo, Ramble On, Black Dog e The Lemon Song.
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Triquetra, símbolo de JPJ no disco Led Zeppelin IV. Significa pessoa confiante e competente. |
O principal instrumento de Jones durante a maior parte de sua carreira foi um Fender Jazz Bass de 1962. Já mais perto do fim do Led Zeppelin ele usou alguns baixos Alembic em shows e o Fender para gravações. Atualmente ele tem usado mais um baixo signature feito por Hugh Manson, além de outros baixos e instrumentos feitos por Hugh ou por seu irmão Andy Manson, dois excelentes luthiers já retratados aqui e aqui.
Após o fim da banda, Jones gravou um disco solo em 1999 chamado Zooma e outro em 2001 chamado The Thunderthief (eu nunca escutei) além de inúmeras participações em gravações e discos de outros artistas. Mais recentemente Jones fez apresentações com Foo Fighters, Ben Harper, Seasick Steve e gravou um disco muito bom com o grupo Them Crooked Vultures (Josh Homme na guitarra e Dave Grohl na bateria). Na semana passada fez alguns shows com um grupo experimental da noruega chamado Supersilent que tem apenas regra - não há ensaios. Questionado se ele se sentia apreensivo com isso (não ensaiar), Jones respondeu "de forma nenhuma, eu improvisei na minha vida inteira".
Quanto a vida pessoal, John Paul Jones conheceu sua mulher Maureen em 1965 e estão juntos até hoje, e com a qual tem 3 filhas.
Apreciem um pouco do trabalho desse baixista genial.
Linha de baixo isolada em Ramble On
Tocando lapsteel guitar em Nobody`s Fault But Mine
Aqui solando com um baixo de 10 cordas.
Bandolin em Going to California
Tocando com Seasick Steve
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