Fender American Standard Stratocaster
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Fender American Standard Stratocaster


Eu nunca tive uma guitarra Fender e eu sabia que no dia em que comprasse uma eu teria que fazer muitas modificações. Conforme vocês estão vendo nos posts, mesmo guitarras americanas caras podem ter defeitos. Às vezes são defeitos sutis, mas há defeitos grosseiros. No caso de uma guitarra minha, eu devo corrigir todos os defeitos pequenos ou grandes e ainda fazer as modificações que podem tornar a guitarra um instrumento mais fácil de se tocar. Não faz o menor sentido alguém perceber falhas em uma guitarra que pertence a um luthier – não dá pra ter uma guitarra minha fazendo propagando contra meu trabalho.

É óbvio que a primeira coisa a modificar estava no braço da guitarra. Os trastes originais eram muito pequenos, mal acabados, cheios de arranhões e deixavam a tocabilidade muito dura (ver foto 1). Trocar os trastes não é problema pra mim, mas meu receio era quanto à retirada da pestana. Os trastes que eu uso nas minhas guitarras (Dunlop 6000) são muito altos e em geral é necessário colocar um calço por baixo da pestana pra fazer a compensação da altura dos novos trastes (senão as cordas soltas ficam trastejando). O verniz do braço foi aplicado depois da instalação da pestana, portanto a remoção desta implicaria no descolamento do verniz na área ao redor e isso ia ser um reparo chato de fazer. Mas eis um defeito que acabou sendo benéfico: os luthiers da Fender erraram feio na altura da pestana, que estava muito alta. As cordas soltas estavam muito altas com os trastes originais e o que aconteceu foi que com os novos trastes (muito mais altos) a altura das cordas na casa 1 ficou perfeita pra mim. Muito obrigado, seus luthiers incompetentes!!!

Eu também não queria que os “pezinhos” dos trastes ficassem à vista na lateral da escala, então eu os escondi e consegui fazer isso sem ter que passar outras demãos de verniz no braço. Eu consigo fazer isso com uma resina que eu mesmo fabrico que adquire qualquer que seja a textura do verniz (ver foto 2). Legal, né?


Outra coisa que eu não queria era mexer no abaulamento da escala. Mesmo preferindo escala planas eu decidi usar essa guitarra do jeito que ela é (9,5 polegadas). Os trastes foram instalados e super polidos pra garantir um bom visual e maciez dos bends e vibratos (ver foto 3). Depois foi só hidratar a escala e fazer a devida regulagem. As cordas foram D'addario 0.11. Eu consegui deixar a guitarra bem confortável, ainda que com uma ação não tão baixa quanto as minhas Lunacy, que possuem escala bem plana (conheçam o trabalho do Pérsio aqui).


Como meu estilo de tocar envolve o uso intenso de alavanca (obrigado, Jeff!) eu preciso que a ponte fique flutuando (ver foto 4). Aqui cabe uma observação: eu adoro os materiais usados na ponte da Fender standard e os modelos 2010 agora possuem os carrinhos vintage na ponte moderna. Achei interessante. Antes que perguntem: não, ela não desafina muito. Eu não passo as cordas pelo rebaixador no headstock (ver foto 5), pois é mais um ponto de atrito pras cordas quando se usa a alavanca. Pra ajudar na afinação eu lubrifico a pestana e ajusto a tensão de molas. Já encomendei as tarraxas com trava da Fender.


Troquei o escudo original branco e sem graça pelo escudo branco perolado, que é bem mais bonito e que valoriza muito o visual do instrumento.

Fiz modificações na eletrônica. O capacitor cerâmico de 220pf (ver foto 6) serve pra controlar melhor a dinâmica pelo botão de volume sem perder o brilho. Mantive o capacitor de .22 no tone. De início eu coloquei os Rosar Dual Blade (Extreme hot na ponte e meu modelo signature no meio e braço). É claro que ficou muito bom, mas decidi passar mais tempo com os singles pra ver se consigo me adaptar a eles. Eu gostei dos singles Fender, mas achei o da ponte magro demais. Então coloquei Rosar: Hot 44 na ponte e True Vintage no meio e braço. O som tá uma cacetada, mas é provável que eu use o Vintage hot no braço pra sons mais ofensivos tipo SRV.


Eu não sou um bom guitarrista, mas sou exigente com guitarra e minha profissão exige isso. Mesmo ao comprar um instrumento de bom nível há uma série de modificações que o tornam melhor e mais bonito ainda.  







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