Como assim a marca é VINTAGE? Personalizando uma Vintage V6SSB REISSUED
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Como assim a marca é VINTAGE? Personalizando uma Vintage V6SSB REISSUED


...Ou como começou meu caso de amor com a VINTAGE...

Num belo sábado, há alguns anos atrás, poucos, fui a uma loja de instrumentos musicais na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, a Barra Music, para comprar uma guitarra muito barata e indicada pelo povo do blog Louco por Guitarra (Paulo e Oscar), uma SX SST62, que é basicamente uma cópia do modelo Stratocaster da Fender (que é o ícone central da minha existência guitarrística) com alguns detalhes estéticos semelhantes às originais de 1962, além de oferecer madeiras mais próximas das usadas nas originais, coisa muito difícil de ver nessa faixa de preço, se tornando assim um ótimo investimento pra "operar" uma reforma experimental e consequente upgrade!



A ideia de customizar uma guitarra não era nova pra mim, já tinha feito isso ao longo da vida por necessidade de adaptação ou upgrade possível, porém naquele momento me sentia mais inclinado a tentar isso num outro nível de investigação pessoal. Até por que não era mais a questão básica de se conseguir um instrumento decente, adaptado às  minhas necessidades, eu já tinha meus instrumentos de trabalho com meu jeito impresso neles, buscava na verdade uma certa diversidade mesmo em instrumentos de mesmo modelo e configuração, alterando o tipo e a qualidade dos elementos que os compõem. Assim aconselho àqueles que acham isso um preciosismo desvairado ou simplesmente uma bobagem fetichista: melhor não perderem mais seu tempo com o texto a seguir...rs.



Voltando para a loja eis que me deparo com a tal SX, realmente uma cópia de Strat bem barata, mas que em contrapartida apresentava de cara uma qualidade muito superior ao esperado na faixa de preço. Foi aí que o dono da loja, o Beto, me falou para experimentar uma outra guitarra mais cara, mas nem tanto (ao menos naqueles tempos!) com uma diferença de qualidade bem grande. E me apresentou à a tal VINTAGE V6SSB REISSUED Series. Esse sim sabe ser bom vendedor! Foi pegar a VINTAGE e a SX ficou de lado o resto do tempo. Era outra conversa, mesmo sem avaliar todas as diferenças estruturais, madeiras, hardware, pickups e etc., a diferença básica era que simplesmente a guitarra estava pronta para enfrentar uma gig.  Uma coisa era notável: a largura do corpo era bem maior na VINTAGE. E pelo que se vê através da pintura sunburst de 3-côres ele é formado por duas peças apenas, inclusive as duas não combinam nada entre si, bem diferentes os desenhos e as colorações. Os trastes bem alinhados, mas nada excepcional. O braço com uma pegada mais larga e a escala com uma curvatura confortável.

Obs: Dois amigos já me reportaram problemas em relação ao alinhamento e colocação de trastes em outras duas V6, porém se reportaram ao distribuidor e receberam novas guitarras sem o problema.

Fora um ajuste ou outro, a guitarra não precisaria de mudanças pra enfrentar uma gravação ou um palco naquele dia! A lista de especificações segue abaixo copiada do site:

http://www.jhs.co.uk

Body: American Alder
Neck: Hard Maple – Bolt On
Fingerboard: Rosewood
Scale: 25.5"/648mm
Frets: 22
Neck Inlays: Pearloid Dot
Tuners: Wilkinson® WJ55 E-Z-LOK™
Vibrato: Wilkinson® WVC
Pickups: Wilkinson® Single Coil x 3 (N) WVS (M) WVS (B) WVS
Hardware: Chrome
Controls: 1 x Volume/ 2 x Tone/ 5-Way Lever


É bom ter em mente que essas REISSUED tem diferenças em relação às ICON, que já saem de cara por baixo (na minha humilde opinião) com corpo de POPLAR. Apesar de ter gostado bastante do conjunto, eu havia comprado a guitarra para experimentar com a troca de alguns elementos, muitos dos quais já havia comprado ou retirado de outro projeto. A parte elétrica já estava encaminhada, porém ainda não atendia ao que estou acostumado. Uma coisa nessas guitarras que gostei na parte elétrica foi o controle de TONE 2 estar conectado ao captador da ponte, sendo o outro conectado aos do meio e braço. É meio caminho para o que eu costumo usar. preferi deixar essa parte para depois das modificações estruturais mais básicas. Inclusive pra ter uma ideia do antes e depois cada vez que uma parte nova era adicionada. Resolvi não mexer nas tarraxas e realmente, hoje tenho três V6 contando com essa, e essas tarraxas Wilkinson® WJ55 E-Z-LOK™ só me deram alegria. Inclusive as tarraxas que vem nas guitarras da VINTAGE V6 eu nunca as encontrei assim escalonadas pra vender. Já as encontrei e comprei com E-Z-LOK, mas não escalonadas.... Um pouco chatinhas na hora de trocar cordas apenas. 



Então fui dar uma olhada na ponte... Muito boa, "saddles" de aço estampados, alavanca com encaixe "pop in", etc. Aliás gostaria de ver algumas das ideias implementadas nessa ponte pudessem fazer parte de outras consideradas padrões da indústria: o alinhamento dos furos por onde passam as cordas no bloco de sustain é quebrado em favor da posição mais comum dos "'saddles", com os furos referentes às cordas D e E aguda mais a frente um pouco. Outra coisa boa é ter seis pares de guias em baixo relevo na placa para os parafusos dos "saddles" nunca escorregarem para os lados. Mais uma coisa que a ponte da Fender MiM e Squier poderiam aprender com essa da Wilkinson: o bloco de sustain apesar de não ser feito de aço ou latão, é feito de uma liga(?) muito mais ressonante, sendo uma peça sólida e densa, bem superior às encontradas nas pontes das Fender Standard MiM, por exemplo, que não costumam ser nem muito melhores que as das guitarras "imported", como se diz por aí. A única modificação feita no headstock foi a substituição do abaixador/guia de cordas original no estilo borboleta/vintage por um moderno da Fender com pequeninas roldanas.

O negócio é que estava me desfazendo de outra guitarra, a qual pretendia vender totalmente "stock". A guitarra a ser vendida estava com uma ponte Blade Runner da SuperVee, uma ponte bem cara pros meus padrões, com um funcionamento muito legal e uma sonoridade bacana. Resolvi experimentá-la na V6SSB e o resultado foi surpreendente. Ela é muito bem feita e tem um modo de trabalho diferente, porém eficiente, logo se pega o jeito. 

A Blade Runner usa uma lâmina flexível de um aço especial. Uma parte dela fica totalmente presa ao top do corpo da guitarra e a única coisa que se flexiona pra frente e pra trás é justamente essa mesma lâmina. As molas na cavidade de trás do corpo se prendem normalmente ao bloco de sustain dela como é comum. Esse bloco é feito de um material para mim indecifrável, porém o som é tão bom que nem pensei em trocá-lo. Hoje em dia eles oferecem blocos de sustain alternativos, em aço ou latão. Eu a deixei flutuante com uma regulagem hoje em dia bem conhecida com a corda E aguda podendo subir um semitom, a B dois semitons e a G três semitons. Cordas 0.010 e A=440 Hz. Afinação bem constante, mesmo com bends mais violentos ou alavancadas mais tensas. Inclusive o nut dessas REISSUED são de um desses novos materiais auto-lubrificantes e, se bem regulada, mesmo assim flutuante como eu costumo usar, fica bem confiável!. As tarraxas ficam lá tranquilas.

Esteticamente fiz poucas mudanças, creio que a mais notável tenha sido a mudança do escudo branco por um imitando casco de tartaruga. Em baixo dele coloquei um shield de alumínio como algumas Fender Strat dos anos 60 costumavam ter. As capas dos captadores, knobs e ponteiros da chave e da alavanca coloquei um branco envelhecido, quase creme. 
Para completar o mudança, só faltava a  parte elétrica. Eu coloquei, como de costume em meus sets "Vintage com concessões" os potenciômetros Log de TONE de 250K com capacitores de 0.1µF Chicklet (um TONE atua sobre o pickup do braço e o outro sobre o da ponte) e Linear de VOLUME também de 250k e com um "Treble Bleed" feito apenas com um capacitor de 220 pF. Além disso adicionei um sistema de Dummy Coil que habita quase todas as minhas Strat e que tem como objetivo cancelar grande parte do ruído presente nas posições 1 e 5 da chave seletora.. O sistema usa uma chave Push/Push para o Dummy Coil entrar ou não pelo no circuito da guitarra. 


Em outra ocasião discutirei melhor esse sistema, junto a outros. Por enquanto quem ainda não conhece e ficou muito curioso pode procurar na rede sobre o assunto. A guitarra ficou assim um bom tempo enquanto esperava pelo set de "Blondes" do Jason Lollar. Mesmo com os pickups originais a guitarra já tinha um timbre ótimo e a usei bastante assim. Mas quando pude instalar os "Blondes" a luz se fez! São captadores de saída um pouco mais baixa e tem um timbre muito bem articulado e quase transparente, um "que" de médios esculpidos, como se diz, mas não tanto quanto do senhor Mayer. Eu não pude acreditar logo que instalei os captadores e ajustei para tocar. Fiquei surpreso e muito satisfeito. Eu deixei abaixo um clip do meu antigo trio com o Pedro Peres no Baixo Fretless e o Jaffer Swamani na M'ridangam. O clip não faz juz ao timbre da guitarra, mas por enquanto é o que tenho para oferecer. ;)


Testando o resultado ao vivo com o Trio Darshan, que é o Quinteto INNPRATICA Menos 2

O complexo set usado no clip.


    
Até a próxima, que possivelmente será durante e sobre o que eu conseguir reportar durante a EXPOMUSIC 2015!!!



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