Conserto do HeadStock Quebrado numa Gibson LesPaul - Por Tom Castelli
Luthier

Conserto do HeadStock Quebrado numa Gibson LesPaul - Por Tom Castelli


          Oscar Isaka Jr.

         Continuando um pouco os posts sobre os nossos Luthiers que tanto nos salvam de enrascadas, escolhi um assunto meio assustador para os amantes de Gibson... rsrs!

Talvez a maior "falha" (entre aspas pois é uma característica na verdade) da Gibson é o ângulo no headstock de seus modelos. Praticamente todas as guitarras da Gibson têm o headstock angulado em 17 graus em relação ao braço numa peça única de madeira o que torna o ponto bastante sensível a qualquer batida um pouco mais forte (mais de 90% das quebras é nesse local).

Durante sua história a Gibson tentou de diversas maneiras remediar esse problema mudando a construção dos seus braços e especialmente na era Norlin (1968 a 1986) é possível notar isso com a redução do ângulo e o uso do "Volute"(volume/dobra) e a construção do braço de maple com 3 partes. O maple é muito mais forte que o mogno, e o volute servia de reforço na região mais sensível do braço, reduzindo assim o número de quebras de headstock na época...

Típico headstock "Norlin" com volute.


Enfim, mas quem já não sofreu com um Strap que não prendeu direito e de repente a sua guitarra maravilhosa está indo ao chão.... e acontece isso.....



A razão pra isso é relativamente simples de descrever, observem, nesse corte no centro/longitudinal, a quantidade de madeira que sobra no headstock....



         O Tom Castelli é um conhecido especialista em fazer esse tipo de reparo e fez uma série de fotos para descrever como é possível consertar esse desastre de maneira quase perfeita e de quebra aumentar a resistência do local. É um conserto complexo e que requer muita experiência e precisão por parte do Luthier, mas quem conhece o trabalho do Tom sabe que isso não é problema.


O estrago: assustador...



Depois de juntar os cacos do desastre o primeiro e mais lógico passo é a colagem das peças que restaram. É importante que todas as trincas e farpas sejam devidamente cobertas e coladas. O Tom usa a Titebond 50, que é a mesma cola que a Gibson usa na fabricação de suas guitarras para a colagens dos tampos, braços, etc.






Montado o quebra cabeça, as partes são todas devidamente coladas e ficam nos grampos por alguns dias (normalmente 72 horas) para a completa colagem e secagem. 

Retirados os grampos, o resultado fica assim:




Só a cola no entanto não é suficiente para aguentar o tranco no braço e aí é que o trabalho do mestre Castelli entra em cena. Ele coloca duas "travas" de uma madeira bem dura (jacarandá, imbuía, pau ferro, todas servem) para reforçar a região:



Nesse caso em específico, a quebra ocorreu do começo do ângulo do headstock em direção ao começo do buraco das primeiras tarraxas e o Tom preferiu também reforçar essa parte, fazendo um TOP de jacarandá no headstock. Isso garante mais resistência mecânica em ambos os lados do braço afetado:



Aqui já colado, tupiado e furado. Nem preciso dizer pra notar o capricho... :-)



Depois disso a guitarra vai para a pintura para receber uma nova camada no braço e headstock e ganhar vida novamente. Nesse caso, ganhou tarraxas Gotoh também:


É importante frisar que depois do conserto o headstock fica mais forte que anteriormente. Há inclusive relatos de clientes que "infelizmente" tiveram que submeter suas Gibsons a esse procedimento, que notaram mudança na resposta da guitarra pra melhor. Tecnicamente faz sentido. Com o reforço, o headstock passa a absorver menos as vibrações das cordas e transferindo mais vibrações para o conjunto braço/corpo. 


         Quem acompanha o Blog sabe que o Tom é quem mexe em todas as minhas guitarras e tenho 4 guitarras feitas por ele. Isso por si só mostra a grande confiança e admiração que eu tenho pelo seu trabalho, além de ser um grande amigo pessoal. 

 Tom Castelli

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