Tunando uma Guitarra SX: Guia Definitivo
Luthier

Tunando uma Guitarra SX: Guia Definitivo


          Paulo May & Oscar Isaka Jr.



(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)


          Pois bem, achamos que esse era o post que faltava pra complementar a anterior e inúmeros outros posts aqui do blog.

Eu e o Oscar faremos aqui um "exercício" de tunagem de uma SX. Colocaremos em questão os pontos essenciais (e outros opcionais) para um upgrade de qualidade numa stratocaster SX.

Já especificamos no post anterior os modelos disponíveis. A diferença de preço entre a linha "Vintage SST", de alder chinês e a linha "American Alder" e "American Ash" não é tão grande, então, o primeiro passo é conseguir uma SX de alder ou ash americano.
Agora vamos fazer uma análise da guitarra como vem de fábrica. Nos círculos, os detalhes que devemos focar - em vermelho, essenciais. Em amarelo, opcionais, mas recomendados:

 1) Braço e Trastes: Nunca tocamos numa SX que estivesse com todos os trastes bem acabados e/ou nivelados. Eventualmente há necessidade de ajuste no tensor (nesses modelos o ajuste é por trás - temos que retirar o braço para isso), por causa das mudanças de temperatura, viagem, etc. Até aí tudo bem. Já nos trastes o negócio pega - trastes desnivelados são o horror de qualquer guitarrista: trastejamentos, notas mortas... Já sofremos tanto com trastes chineses (mesmo Fender e Gibson podem ter problemas também - não é raro) que acabamos aprendendo a fazer pequenas correções, mas o que já gastamos de dinheiro em luthier com isso... Bem, vamos deixar essa questão dos trastes num hiato por enquanto, pois estamos planejando um post especial só sobre isso. Por enquanto aconselhamos que levem no seu Luthier de confiança já que mexer nos trastes de maneira equivocada pode comprometer os mesmos e aí o custo de uma troca fica bem mais salgado! (Oscar Jr: Acreditem, já fiz isso 2 vezes...)
Como referência, via de regra (acho que mais de 80%) os braços chineses e a cavidade do/tróculo nos corpos são 2 a 3 mm mais largos que o padrão Fender. Assim, geralmente um braço padrão Fender vai ficar meio solto num corpo chinês e um braço chinês não entrará num tróculo padrão Fender.

2) Ponte: Há um farto material sobre pontes de strato aqui no blog. Se ainda não leu, recomendamos que o faça antes de continuar a ler esse post. Na sequência (clique nos números) (1)  (2)  (3)  (4).
Bem, o truque que faríamos aqui seria a troca - ESSENCIAL - do bloco da ponte. Sem sombra de dúvida, a opção com o melhor custo/benefício é o bloco MANARA, que tem a qualidade de um Callaham (considerado por muitos o melhor do mundo), é feito no Brasil e o Carlos Manara tem um modelo específico para essa ponte da SX. Mão na roda total.
Os carrinhos/saddles não são tão essenciais quanto o bloco, mas se a grana pra tunagem tá legal, recomendamos os saddles de aço da Guitar Fetish. 13 dólares o jogo com 6. (Paulo May: Eu compro dois jogos de cada vez pra não pagar impostos. Acho que já comprei uns 10 desses... :) Os saddles de Zinco que vem nas SX absorvem a vibração transmitindo menos para o corpo e deixam o som mais mole. Escolha entre Bent-Steel ou Block (desde que de aço) de acordo com a sua preferência.
Os famosos String-Saver da GraphTech dividem opiniões pela maior durabilidade e resistência a corrosão, mas o graphite é um material mais "mole" que o aço e tende a amaciar o som. Eu só recomendaria se você tem problemas com seu suor oxidando seu instrumento demais e/ou no caso de guitarras muito brilhantes. Fora isso, prefiro os de aço sejam Bent-Steel ou block! :-)
Existe também a possibilidade de trocar a ponte inteira (Wilkinson, Gotoh, etc.). O que pode ocorrer aí é o não alinhamento dos furos dos parafusos de fixação da ponte. Nesse caso, temos que tapar os furos existentes e fazer novos - não é complicado, mas é chato :)


3) Captadores: Os originais chineses são muito ruins. Imãs cerâmicos, excesso de parafina, etc. A troca por captadores melhores é o segundo upgrade essencial nessas guitarras. O problema aí é que existem dezenas, talvez centenas de captadores bons e ótimos pra escolhermos. Vai depender do gosto pessoal e da disponibilidade de dinheiro pra isso. Existem opções de configurações clássicas, intermediárias e modernas:

a) Clássica/Vintage: 3 single coils de alnico (SSS)

b) Vintage Modern: 2 singles e 1 Humbucker / Dual Blade (HSS)

c) Moderna: 3 Dual Blade ou 2 Dual blade e 1 Humbucker (HHH)

Não vamos abordar aqui modelos de captadores específicos pois a variedade é imensa, assim como os gostos dos guitarristas. Vocês já sabem das nossas preferências de captadores pelas inúmeras vezes que abordamos esse tema aqui no blog. É importante ressaltar a adequação dos valores de potenciômetros e capacitores de acordo com o tipo de captador utilizado. Como regra geral, pots de 250K e capacitor de .047mf para singles e pots de 500k com capacitor de .022mf para humbuckers/dual blades.

4) Tarraxas As tarraxas não são de todo ruins e podem ser mantidas dependendo da disponibilidade de dinheiro. Não são confiáveis para shows ao vivo, entretanto. Uma boa e barata opção de upgrade é a linha Wilkinson "EZ Lock". Talvez até melhores que as Grover Mini Rotomatics.

5) Elétrica:  Normalmente as SX vêm com a elétrica feita de maneira bem relaxada usando componentes baratos que podem comprometer o funcionamento geral da coisa. Pode-se utilizar os pots e chave por um tempo sem problemas, mas já encontrei potenciômetros extremamente duros e outros extremamente "soltos", assim como chaves falhando com mal contato, sobras de fios e etc. O jack também não demora muito a começar a causar problemas com os contatos. Aqui a dica é "use até dar problema", uma vez que tenha que trocar algo, aproveite o embalo e coloque potenciômetros (Alpha e Gotoh são suficientes e com ótimo custo benefício, além de muitas vezes serem melhores que os CTS americanos tão famosos) e chaves de qualidade (nesse caso a chave Fender SwitchCraft é a melhor. Não estraga nunca! :-)

         Obs.1: FIOS: os fios utilizados na parte elétrica de guitarras podem variar bastante, mas recomenda-se a utilização de fios comuns de cobre trançado (para maleabilidade) envolto em plástico ou tecido. O diâmetro ideal do fio é de AWG (American Wire Gauge) 22 (cerca de 0,65 mm). Aqui o link para uma tabela de conversão de AWG para MM. Qto maior o valor AWG, menor o diâmetro - os captadores utilizam fios de cobre de AWG 42/43. Raramente 44 ou 41. Tecnicamente, não há diferença entre um fio com capa de plástico e outro com tecido - acho até que o plástico isola mais. A Gibson utiliza um fio especial onde uma malha metálica (destinada para o terra) recobre um fio de plástico AWG 22, que é o "hot"/sinal.
          Obs.2: Na hora de fazer a fiação sempre deixe os fios cortados no tamanho "certo" para as conexões, ou seja o mais curto possível evitando excessos. Muito fio acumulado pode gerar micro capacitâncias que denigrem o som. Eu sempre deixava os fios dos Single do tamanho que vinham de fábrica, ous eja mais compridos e amarrava tudo com uma braçadeira e pronto. Quando re-fiz uma fiação e resolvi cortar tudo no tamanho certinho pra deixa "bonito" (esse foi o pretexto que usei rsrs), notei um som mais claro do que antes. Fui ler a respeito e achei um artigo do Dirk Wacker da Premier Guitar falando sobre isso. Fios sempre do tamanho certo! :-)

        Basicamente, os upgrades técnicos são esses. O headstock "bico de papagaio" é meio feio e pode ser adaptado para um visual mais "Fender", porém é uma alteração que exige certo domínio do trabalho com madeiras. Na dúvida, leve para um luthier experiente. A questão da tocabilidade é fortemente dependente da qualidade de posicionamento e finalização dos trastes. Talvez esse seja o único detalhe onde a intervenção de um bom luthier seja necessária.
       
         É importante ressaltar que muitas vezes uma modificação pequena pode ser exatamente aquilo que seu ouvido sente falta no som. Experimentar é a única maneira de achar todos os detalhes que fazem (ou não) diferença pra você.




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