As Ressucitadas (Tele Samick, Cort KX-5, Tagima Zero)
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As Ressucitadas (Tele Samick, Cort KX-5, Tagima Zero)


   (esq. p/ direita): Telecaster Samick, Cort KX-5 e Tagima Zero    

Todos sabem que tenho várias guitarras (30 na última conta). Me dou o direito porque fiquei quase 25 anos tocando basicamente com duas Teles (68 e 74 - as duas já postadas), mas a principal razão de ter acumulado tantas foi talvez curiosidade, aprendizado.

Bem antes disso, entretanto, em 2001 ou por aí, comprei uma Tagima Zero (feita no Brasil e acho que na época a madeira era Alder - parece mesmo) - achei que seria legal ter uma guitarra com Floyd Rose, mais "moderna". Ledo engano... Uso muito "palm mute" e Floyd é desconfortável pra isso. Não me adaptei. Mas gostei do braço - o primeiro braço tipo "Ibanez" que fiquei confortável.

A história da Cort KX-5 tá aqui

E tem a Telecaster Samick Artist, que comprei (usada, por 430 reais) na onda do "já sei distinguir guitarra boa de ruim" e não percebi alguns detalhes negativos, como corpo menor e mais fino e braço com escala de 14" e ruim de pegada....

Bem, ano passado resolvi tentar um corpo de Tauari pra Tagima e Louro vermelho pra KX-5. Torturei o luthier Cavalheiro com duas madeiras pesadas e chatas de trabalhar (esse Tauari era duro que nem pedra) e no final a sonoridade das duas ficou muito, mas MUITO ruim...
Nesse meio tempo, os corpos originais ficaram num quarto de depósito, numa estante que, por coincidência, recebia sol direto, boa parte do dia,  por quase 8 meses. Em várias ocasiões, pensei em jogá-los fora.
Mas, com os braços sobrando e as peças idem, nada mais óbvio do que juntar novamente as partes, fazer uma derradeira tentativa de tunagem e as 3 foram ressucitadas! :)

Pra minha surpresa, TODAS estão soando muito melhor do que antes. Minha capacidade de escolher captadores aumentou muito nos últimos dois anos, mas aposto que aquele solzinho andou fazendo alguma coisa nas meninas... :)

Talvez por já ter testado pelo menos 3 tipos de captadores em cada uma delas antes, dessa vez acertei na veia. A Samick, que era algo suave demais para Tele, tá com um Rosar Vintage Hot Custom (com enamel) feito quase que especialmente pra ela.
Outro detalhe importante é que depois que descobri que os pots originais da minha telecaster 68 são de 500 e não 250k, mudei todas. Atualmente, apenas uma telecaster (a  vermelha de alder) está com pots de 250k - todas as outras (a 74 tem originalmente, pots de 1Giga) com 500k.
Uma beleza de som e agora com um braço bem sólido de hard maple.
Basicamente, elas eram assim antes de serem assassinadas:
Agora, estão assim:

A Tagima foi de longe a que deu mais trabalho, porque há uns 3 anos eu tentei colocar uma ponte padrão de strato e cavei demais a madeira na região de parafusamento da ponte. Além disso, estupidamente posicionei-a muito atrás, e mesmo esticando ao máximo os carrinhos, não afinava as oitavas. Coisa de guitarrista metido a luthier.... :)
Mas nessas férias de final de ano, com muita chuva aqui no sul, resolvi pegar uns pedaços de Angelim (provavelmente angelim-pedra) e fechar toda a cavidade posterior da ponte. O plano era colocar uma ponte "hardtail" e cordas através do corpo, tipo telecaster.
Observem que não há "assoalho" na região do captador da ponte. Nesse local ela já era assim.

Na parte de cima, tinha a cavidade do "back box" da Floyd, que fechei com alguns pedaços de Marupá e cola de madeira misturada com a serragem do Angelim. Aquela pequena cavidade quase no final foi uma brincadeira que fiz pra treinar e testar a minha Dremel. Não imaginei que fosse usar esse corpo novamente. Mas deixei-a, inclusive com o enfeite Star Trek :)


A superfície da back box deveria ficar absolutamente plana e aí é uma questão de ir preeenchendo e lixando até a perfeição, mas, como falei, não tava botando muita fé e deixei o local "mais ou menos"
Aproveitei que tava com a mão na massa e mudei a posição dos potenciômetros. Originalmente, o de volume fica muito perto da mão. Ótimo pra solos, mas um horror pra bases com muito movimento de braço.
Ficou "eficiente". Resolvi pintá-la de dourado - spray, é óbvio. Meu objetivo era não gastar um real que fosse nessas guitarras. Fui avarento até no spray - é uma marca chamada "Mr. Cor" - chinesa provavelmente. Na lata diz que seca em 24 horas mas é mentira! :)
No final, o stress de posicionar corretamente a nova ponte (êta coisinha chata pra quem não é luthier), fazer os furos e colocar os "ferrules" na parte posterior.

72 horas depois, dei uma leve lixada e fui passar cera automotiva Grand Prix - ótima pra dar um brilho. A tinta começou a mover-se junto com a cera. Fiquei p da cara na hora, mas em seguida percebi que o efeito ficou interessante, pois deu de imediato um aspecto envelhecido e de metal "moldado".
Parei a cera, lixei alguns pontos (às vezes até chegar na madeira mesmo) randomicamente, esperei mais uns 3 dias e encerei novamente. Dessa vez o brilho veio e ela ficou com um aspecto bem interessante.

Cortei a ponta do headstock porque não gostava do desenho e tinha uma peça de metal (de um peso para papéis) perfeita pra colocar ali, mas acabei perdendo (até o momento). Deixo pra depois...

Coloquei um Rosar HEARTBREAKER de braço (7,7k) na ponte - queria um timbre mais aberto e com médios. No braço, um single de alnico de 6,4k, acho que da strato AXL.

Então, estou novamente com 30 guitarras. Eu tento me livrar delas mas não tem jeito! :)
Mas o mais importante é que agora elas estão soando muito bem, uma surpresa pra lá de agradável :)




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