Luthier
Inaldo e o Blog
Paulo May
Inaldo Souza, luthier.
Pra começar, é provável que esse blog nem existisse não fosse esse cara de nome estranho. Já o mencionei várias vezes, invariavelmente dizendo que ele solucionou algum problema ou besteira que fiz.
Também já expliquei como mergulhei nessa cachaça de tunagem, montagem e timbragem de guitarras, mas preciso explicar novamente para colocar o Inaldo, que foi o catalisador de tudo. Vamos lá:
Assim como a maioria de vocês, sempre fui apenas um guitarrista comum, daqueles que não perde muito tempo analisando ou tentando entender a guitarra enquanto instrumento. Sempre preferi Telecaster e, exceto por um breve e sofrido início com uma Telecaster Finch e uma SG Giannini, sempre tive boas: uma Tele Fender 1974 e outra de 1968.
Fender Telecaster Custom 1974 (com tremolo Bigsby)
Havia uma terceira guitarra por um tempo, a também excelente Carvin V220 (só agora sei que ela era toda de maple). Assim, protegido por boas guitarras, nunca tive que batalhar muito por um bom timbre, pois já o tinha de bandeja. O guitarrista base da minha banda era meu primo e ele havia adquirido, em 1985, uma Stratocaster 1983 americana (aqui começam as pegadinhas: era uma strato de 1983 - talvez o pior ano da Fender). A Tele 74 dava de dez naquela strato, por isso nunca me interessei por stratos. Até 2002, quando resolvi ter uma. Blackmore, Clapton, Mark Knopfler e SRV não podiam estar errados...
Nesse momento, toda a minha ignorância voltou-se contra mim e, encurtando a história, fiz uma "stratocaster custom" com um luthier, paguei quase o mesmo que pagaria por uma americana e fiquei com uma porcaria nas mãos. A guitarra era linda, com hardware caro e importado, aparentemente idêntica a uma strato Fender, mas o som era uma porcaria. Durante um ano tentei por várias vezes tocá-la, mas sempre vinha aquele timbre morto, desequilibrado e sem ressonância.
Que merda! Fiquei de saco cheio e resolvi pesquisar... Descobri que a minha "Fender de Luthier" tinha corpo de cedro, braço de marfim, ponte Wilkinson VS50 e captadores Seymor Duncan SSL-6. Por incrível que pareça, ela tinha tudo que eu mais detesto em stratos!
Enquanto aprendia, minha cabeça ficava: "Cedro? Mas que porra é essa? Deveria ser alder ou ash..."
Bem, daí em diante tudo evoluiu até esse blog, que existe primariamente porque não quero que outras pessoas cometam os mesmos erros que eu. Tu podes até gostar e querer uma strato com corpo de cedro, mas precisas SABER o que é isso e como ele vai influenciar no teu timbre. Idem para o resto... Vinte anos tocando guitarra e eu nem sabia o que era e pra que servia o "TENSOR" do braço. Foda!
(Inaldo e a strato de ash. Obs: contato: celular: 84632630)
No meio desse caminho encontrei o Inaldo, depois de um frustrante contato com outro luthier, que acredito, não tinha o menor interesse - ou saco - pra me explicar pelo menos se "dava pra trocar o braço" da minha strato porcaria. Aos poucos, o Inaldo foi explicando alguns detalhes de setup, madeiras, braços e um belo dia, quando levei uma guitarra pra trocar os captadores - pela terceira vez - ele disse: "Cara, estás gastando muito comigo... 80% do que eu faço aqui tu podes fazer em casa. Volte no sábado que eu te ensino a soldar e trocar o braço, pelo menos"
Por aí já dá pra perceber a índole de uma pessoa, não? :) Nos tornamos grandes amigos, (continuo gastando bastante com ele, mas tenho desconto de cliente vip, hehehe), hoje em dia discutimos as coisas mano a mano mas ainda aprendo uma barbaridade naquela oficina em Santo Amaro da Imperatriz, pertinho de Floripa e da serra catarinense. Essa é a vista da janela:
Quando pensei em um nome para esse blog - e nem sabia que seria tão acessado - cogitei:"Meu Luthier Toca Melhor Que Eu". Ele já foi metaleiro e sabe fritar muito bem :).
Preparei um "making of" da minha strato KNE postada há pouco tempo com algumas dicas do Inaldo - coisas que parecem simples mas só o são quando sabemos como fazê-las, tipo centralizar o braço de uma guitarra, por exemplo... Mas vou parar esse post aqui e fazer o próximo especificamente para isso.
Valeu, Inaldo. O blog te agradece! :)
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PS: Pra quem é da região: a oficina do Inaldo é em Sto Amaro, mas ele e seu sócio Alex Arroyo (guitarrista e luthier) que ultimamente está nos brindando com suas habilidades nas demos de guitarra, têm uma outra, para pequenos trabalhos e setups, no centro - Felipe Schmidt, galeria Jaqueline, em frente a uma loja de instrumentos musicais: "Officina Luthieria" (Tel:32098780).
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