Luthier
La Cabronita Custom Golden Leaf
Fanático que sou por Telecasters, não poderia deixar passar em branco a nova versão denominada "La Cabronita" da Fender (as traduções do espanhol divergem, mas à princípio seria uma "rapariga sem pai"... :) ). Iniciou como uma linha exclusiva da Fender Custom Shop, mas agora há uma versão mais barata feita no México.
La Cabronita é uma Telecaster clássica mas com dois captadores humbuckers do tipo Filtertron Gretsch. Geralmente elas vêm com um modelo (Fidelitron) que é uma variação entre o Filtertron clássico que equipava boa parte das Gretsch dos anos 50 e os modernos TV Jones (Thomas V. Jones), algo mais fortes e modernos.
O gatilho para a montagem de uma Cabronita foi uma oferta do meu amigo do fórum da GP, o Yanko, que me conseguiu um corpo de Cabronita USA feito de uma madeira muito leve e macia, chamada de "Sugar Pine". Como eu sabia que muitos experts em Telecasters estavam fazendo Cabronitas com essa madeira, resolvi comprar no ebay. O Sugar Pine (uma variação do nosso Pinus) é levíssimo, de baixa densidade e muito macio, bem mais do que o brasileiríssimo Marupá.
Por que não tentei comprar uma Mexicana? Porque embora curioso pra conhecer e tocar uma Cabronita, nunca botei muita fé (na verdade não gosto mesmo) em Teles com humbuckers, mas os Filtertrons têm uma sonoridade única e talvez...
O corpo chegou com alguns pequenos defeitos, ranhuras provocadas pelo corte CNC na madeira muito frágil. Nem quis perder tempo (pra variar) e reclamar com o fornecedor americano e usei um pouco de massa de madeira para nivelamento. A Cabronita tem várias peças exclusivas, meio caras (pra nós, pobres brasileiros que temos que pagar os absurdos impostos de importação) e difíceis de encontrar, a começar pelos Filtertrons e TV Jones. passando pela ponte hardtail, escudo e placa traseira de controle.
Bem, toquei o barco e o primeiro passo era decidir a cor. Preta como a maioria? Humm... Eu estava a tempos querendo testar uma técnica antiga que utiliza folhas finíssimas de ouro (golden leaf) que deixa a superfície verdadeiramente dourada, com infinitas variações de brilho e cor em cada ângulo que olhamos.
Eu tinha aqui em casa vários pacotes de Golden Leaf da década de 40 e 50, que estavam numa caixa (de charutos Jamaicanos) dessa época, obtida em Nova York em 2001. A caixa em si é uma volta no tempo: também tinha fotos originais, fusíveis e até um compasso. Mãos à obra...
Golden Leaf no top e tinta dourada no restante, tudo coberto com algumas finas camadas de verniz.
O mais chato foram as adaptações: as cavidades eram muito rasas para os Filtertrons (e eu não tenho tupia - tive que me virar, como sempre, com a Dremel) e eles são presos por parafusos longos direto no corpo. A regulagem da altura é obtida por pressão sobre uma espuma retrátil colocada embaixo. Até acertar o jogo de pressão, é foda.
Mas acabou ficando pronta (braço licenciado Fender da Mighty Mite). Quando fui tocar, o corpo de Sugar Pine mostrou suas fraquezas (já imaginava): nem de longe tem a ressonância do alder ou ash, mas como os captadores são Filtertrons, depois de alguns ajustes, consegui tirar um som mais do que decente.
Nem pensar em colocar um escudo por cima desse dourado verdadeiro... :)
Descobri que Filtertrons são, mais do que qualquer humbucker, extremamente responsivos aos ajustes de altura do corpo do captador e dos parafusos das bobinas. Ambas as bobinas têm parafusos ajustáveis e conseguimos mudar muito a resposta de cada corda fazendo um jogo entre a diferença de altura dos parafusos das duas bobinas e deles em relação às cordas. MUITO interessante...
No atual momento, até entendo porque muita gente tá usando corpos de sugar Pine para Cabronitas (e até Teles clássicas). Depois de duas semanas tocando com ela, posso garantir que aprendi a gostar do som, principalmente dos médios do Tron da ponte. Lindos.
Por via das dúvidas, e agora já conhecendo melhor o Marupá, encomendei um corpo de Cabronita de Marupá (25-40% mais pesado que o Sugar Pine) com o luthier Adriano em Belo Horizonte. Especifiquei as cavidades (agora com a profundidade correta) e ele programou na CNC. O corpo já chegou e é lindo, peça única, muito bem feito. 200 reais, minha gente... No Brasil tem coisa legal, é só procurar.
Se conseguir mais um par de Trons ou TV Jones, monto outra, só por curiosidade :)
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