Luthier
Telecaster Paisley Custom
Paulo May
Estamos com a terceira parte da saga "Les Paul R9" quase pronta. Enquanto isso, uma pausa para o recreio. Acabei de finalizar a minha mais nova Telecaster: A "Paisley FGP":
Em janeiro desse ano um grande amigo meu do fórum da Guitar Player Brasil, o luthier André Corradi, veio com a família passar alguns dias em Floripa e me trouxe de presente um lindo braço de Roxinho, com frisos e tudo mais. De cara vi que a cor dessa madeira brasileira combinava com o corpo da minha tele vinho/vermelho metálico. Em fevereiro fui montar e sem querer deixei cair uma gota de Super Bonder no corpo. Só vi quando já estava tudo grudado... Depois de muitas reviravoltas, resolvi colar no top uma folha de papel indiano com detalhes metálicos e tentar um efeito "Paisley", que a Fender usou na década de 70 (era papel de parede com motivo Paisley). Deu certo, mas dessa vez enviei para o luthier Inaldo finalizar com verniz e polimento. Ficou linda! As Fotos não fazem jus.
Como já tinha dois caras do fórum envolvidos nessa guitarra, aproveitei e coloquei a linda placa de fixação do braço/neck plate do luthier Tanaka só pra fechar a trinca.
Eis a Paisley FGP, então. O braço de Roxinho (detalhe: braço e escala em peça única) não interfere na sonoridade clássica, pelo contrário, soa muito semelhante a um braço de maple com escala de rosewood.
Um belo presente do meu grande amigo, o luthier André Corradi :)
Especificações:
Corpo: Alder, 2 peças (colagem central)
Braço: Roxinho, quase em "D"
Frequência de Ressonância do Braço: F# (F#3)
Escala: 251/2", Roxinho, Raio: 10". Nut: latão
Tarraxas: Grover Mini Rotomatics
Captador Ponte: Sérgio Rosar Vintage Hot T com pinos de alnico III escalonado - 7,2K
Captador Braço: Genérico rebobinado: 6,5K
Pots e capacitor: Vol: 250K Tonalidade: 500K capacitor 0.047uf.
Ponte: (Ferrosa) GFS com 6 saddles de aço
Essa é a única Telecaster que tenho com pot de volume de 250k e acho que não vou trocar. O alnico III soa mais macio que o V e um pot de 500k pode abri-lo demais. O captador do braço tem o som típico desses captadores com capinha metálica: mais fechado e sem muito estalo. Com exceção do original da minha Tele de 1968, que tem uma saída fora do padrão da época, com 8,5k, nunca gostei desses captadores. Já testei muitos deles, inclusive o Quarter Pound Seymour e o Fender Twisted. Às vezes até soam bem, mas nunca divinos.
Esse corpo já compôs outra Telecaster, essa que tá nesse post e nos vídeos (clique).
Adendo 13/06/2013:
O Fabiano sugeriu e como eu tinha as fotos prontas, vou postar aqui mesmo pra não ter que fazer outro post:
Aqui, o corpo parcialmente lixado e pronto pra receber o papel "artesanal indiano", comprado em livraria. Usei o corpo para delinear o primeiro corte com tesoura. Cortei "por dentro" dos contornos, já que o lápis passa por fora do corpo.
Utilizei rolinho e cola de madeira com uma pequena diluição pra escorregar e posicionar melhor a folha no top. Foi um erro utilizar cola de madeira, sensível à altas temperaturas e umidade - deveria ter pesquisado um pouco mais. Após o verniz final, uma pequena parte perto do control plate descolou. Ainda bem que foi pequena, mas em determinados ângulos de visão, dá pra perceber bem... Vivendo e aprendendo :)
Utilizei um estilete com ponta novinha, posicionei o top pra baixo e cortei o mais rente possível pra evitar sobras nas bordas. Sempre fica alguma coisa sobrando... Na hora pensei que ia complicar, mas dei um jeito depois, após passar a laca indiana.
Após aplicação de goma laca com esponja e pano. A cor do top não podia ficar roxa total porque o restante do corpo é vinho metálico. Já havia testado antes nesse papel e sabia que ao passar a goma laca (também diluída em 1/3 ou 1/4 de álcool) o tom iria mudar e aproximar do vinho. Só não podia ficar muito amarelado...
Até gostei desse ponto e quase parei por aí. Mas comecei a achar muito "over". Mesmo acentuando a laca (outro vidro, com mais corante roxo e vermelho) nas bordas, não conseguia escurecer no ponto desejado.
Aí peguei os dois vidros de tinta PVA cintilante, misturei até chegar num ponto meio vinho (no pote) e apliquei, também com uma esponja.
Agora sim, quase pronto e fazendo uma transição mais uniforme com as laterais. A laca endurece depois que seca e ficou fácil, nesse ponto, retirar algumas sobras do tecido e deixar as bordas bem uniformes, Utilizei lixas (280/320), com muito cuidado pra não arranhar as laterais.
Por coincidência, um dia após acabar e já apavorado pensando em quantas camadas de verniz spray teria que passar pra cobrir tudo isso (o papel cria um relevo), o meu luthier, Inaldo, foi até a minha casa, viu o corpo, gostou e pediu pra finalizá-lo. Como todo cara experiente, conseguiu uma tinta na mesma cor original dela , repintou toda a traseira e laterais e envernizou tudo após. Foi nesse processo que houve o descolamento parcial numa das bordas do control plate. Ele ainda jogou um pouco da tinta original por cima de tudo, pra escurecer e ficar mais discreto. Mesmo com o pequeno defeito, ficou linda. :)
PS: Se eu soubesse disso (clique) antes de todo esse trabalho, talvez optasse pelo adesivo... Mas não teria tanta graça! KKKK!
Visite o site da
Custom Guitar Wear aqui do Brasil: http://cgw.iluria.com/index.html?locale=pt-br
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