Alto Falantes Parte 2: experiências pessoais.
Luthier

Alto Falantes Parte 2: experiências pessoais.


Oscar Isaka Jr.

(Cena do filme "De Volta Para o Futuro" - exagerado, eu? Rsrs)

          Rapaz, esse é um assunto que eu descobri recentemente durante meus experimentos com falantes e amps. Sem bater na mesma tecla do Paulo, o falante e o amp têm que ser um casal tanto quanto uma guitarra e seus captadores. Quem aqui nunca tocou numa guitarra que tinha um JB Seymour por exemplo soando estridente e aguda e o mesmo JB numa outra guitarra soou encorpado e bonito? Cito o JB pois é o mais popular modelo de captador e 90% dos guitarristas já tiveram um caso de amor e ódio com ele (eu inclusive) rs!!
Meu ponto é que quando tocamos no assunto de falante e amp é a mesmíssima coisa.
A primeira pergunta que vem à cabeça é sempre qual o falante certo pro meu amp  A resposta é meio clichê também, depende do som que vc procura mas existem alguns cuidados a serem tomados para que a busca não se torne infinita.

O primeiro ponto é avaliar qual a sonoridade que se deseja, sendo British ou American os pontos de referência mais fáceis. É comum associarmos como Drive (British) e Clean (American) tomando como referência os clássicos Marshall e Fender mas não é 100% o que acontece na prática, pois temos exemplos de sonoridades British Clean (VOX, etc) e American Drive (Mesa, Soldano) tão clássicas quanto nos dias de hoje. Saber qual a referência é sempre um primeiro passo buscando entender qual o seu som, aquele que agrada mais seus ouvidos.

         Se quero uma sonoridade Van Halen devo procurar um amp com características de Marshall e falantes na linha dos Celestion GreenBack. Se busco a sonoridade pesada do Metallica, os amps MESA e afins são o caminho. Se quero os cleans de Manhatan de Eric Johnson vou de Fender e assim por diante. Praticamente todo o resto dos amps modernos é baseado nos 4 clássicos mencionados pelo Paulo Fender, Marshall, VOX e Mesa.

Dito isso, vou postar alguns comentários sobre falantes que já tive experiência nos amps com os quais tivetestei. Vou tentar ser o mais abrangente possível a fim de sanar qualquer dúvida que possa surgir nesse assunto tão vasto e complexo, mas extremamente fascinante! Novamente, as opiniões abaixo são pessoais e obtidas a partir dos testes que fiz nos meus amps. Ok? -)



Eminence Legend 1258
Eminence Legend 1258 - Desenvolvido em conjunto com a Fender, foi o falante padrão nos amps da série HotRod (Hot Rod Deluxe, Hot Rod Deville, Blues Jr etc), muito populares pelo seu custobenefício. Segundo a própria Eminence ele foi feito para reproduzir a sonoridade dos falantes Vintage de Alnico num falante moderno e de menor custo de produção. Sua sonoridade tem médios e graves mais amenos com bons detalhes de agudos mas que em alguns amps podem soar meio estridentes.

Fender Hot Rod Deluxe

No HotRod Deluxe e no Deville soam muito bem com aquele som Fender clássico, pois esse amps têm graves fortes e agudos mais redondos. Já no Blues Jr (o pretinho normal) tende a soar mais agudo. Nunca gostei do Legend 1258 em outros amps que testei - parece ter sido feito pra linha Hot Rod mesmo.
Custo médio: R$250,00- R$300,00





Eminence Legend GB128
Eminence Legend GB128 - Outro da série custo/benefício, foi desenvolvido para ser uma versão do Greenback com mais potência. Os Celestion Greenbacks originais têm cerca de 30W cada um e por isso precisavam ser usados em 4x12 para dar os 120W dos cabeçotes Marshall da época.
      Celestion Greenback:

O GB128 entrega aquele médio woody do GreenBack com uma boa dose extra de graves o que o torna um ótimo falante pra combos e gabinetes 1x12 ou 2x12. Os médios são bem mais presentes que no 1258 e os graves mais secos o que faz o GB128 cortar muito bem num mix de banda, além de ter um custo benefício incrível pelo que entrega. Não é a toa que alguns fabricantes nacionais de amps os oferecem como padrão. Soam bem com quase qualquer amp para sonoridades mais clássicas, seja no clean ou com drive. Na minha opinião só não rola muito com estilos mais agressivos pois soa redondinho demais. Fora isso é pau pra toda obra além de ser talvez o melhor custo benefício hoje no Brasil.   Custo médio: R$250,00- R$300,00





Celestion Vintage 30 (G12V30) 
Celestion Vintage 30 (G12V30) - Unanimidade entre os fãs de Rock e Metal o V30 nasceu no auge dos anos 80 e junto com o JCM800 praticamente estabeleceu o timbre RockMetal moderno. Com uma linha de médios proeminentes e cheios ele soa gordo com praticamente qualquer drive sem perder a definição. Desde o Rock Clássico até o metal mais pesado o V30 é tiro certo quando se trata de som saturado. Soou maravilhoso com o clone do Marshall Silver Jubilee (original na foto abaixo) que eu tive
Minha única crítica está nos graves que podem soar soltos demais comprometendo aquele estalo nos bordões nos sons semi-clean e clean e por isso não gsotei dele no Blues Jr, onde os graves perderam a definição completamente soando bem somente quando bastante saturado. Por essa razão normalmente usa-se o V30 combinado com um outro falante que tenha graves mais firmes para complementar como o G12H30 . No meu Mark V combo, o V30 soou muito bem em 90% das settings, mas em alguns sons ele apresentou uma leve sobra de agudos, Como disse, depende muito do amp !Custo médio: R$600,00- R$700,00






Celestion Heritage 30 (G12H30)

Celestion Heritage 30 (G12H30) - Tem graves bem mais amplos e firmes que o V30 assim como uma extensão maior de agudos e BEM menos médios. Não é a toa que complementa perfeitamente o V30 e vice versa. Se o V30 soa meio anasalado e gripado demais pra vc, o G12H30 pode ser exatamente o que vc precisa. Pra mim o ponto alto do G12H30 é a definição, ele parece ter algo nos médio agudos que deixam a palhetada extremamente evidente e de certo modo até agressiva. Se vc acha seu amp meio abafado quando toca com o Humbucker do braço da sua LesPaul, talvez o Heritage possa dar uma ajuda pra abrir o som. -)


Nunca toquei com o Heritage sozinho, mas no post que tem o vídeo do teste da minha R9 o Orange Rockerverb 50 está plugado num Heritage junto com um Celestion Alnico Blue. O Alnico Blue encheu os médios e deixou tudo perfeito pro Rockerverb!! QUE SOM!
Custo médio: R$600,00- R$700,00

A combinação de alto falantes com sonoridades diferentes numa mesma caixa é outra variável do complexo universo da timbragem. Em gravações, não é incomum o engenheiro colocar um microfone para cada falante e gravar dois canais, que podem ser somados ou colocados em estéreo na mixagem:







Celestion Alnico Blue
Celestion Alnico Blue -  Um dos mais clássicos falantes da Celestion, os Blue são sinônimo da sonoridade VOX pois equipavam os AC15 e AC30.
Falantes de Alnico tem resposta um pouco diferente dos Ceramicos atuais com um som mais macio no espectro geral. Os graves são mais soltos (mas não embolados) os médios e agudos amplos e macios sem soar estridente quase nunca.
É o chime do Vox AC30 que todos falam e é muito difícil de se conseguir num falante cerâmico, ser agudo sem ser estridente. Soa muito bem saturado e com meu Fender 57 Amp soa muito muito bem. No Rockerverb tbem soou divino combinado com o G12H30 mas sons Cleans não são seu forte. Ele distorce cedo.
Custo médio: R$900,00- R$1200,00










Eminence RedCoat The Wizard

Eminence RedCoat The Wizard - Parte da linha Britânica da Eminence, o Wizard foi concebido com base no G12H30, ou seja, graves e agudos amplos, excelente definição sonora e tudo aquilo que eu já citei acima. A diferença pra mim é que o Wizard tem um pouco mais de médios que o G12H30 e por isso soa um Q mais agressivo. Usei um tempo ele sozinho na minha 1x12 e tinha uma relaçào de amor e ódio com ele de acordo com o somampo que usava. Por exemplo, com o Marshall Silver Jubilee clone que eu tive soava horroroso sozinho tanto no clean como no drive, um som aberto demais, agressivo nos agudos, embolado nos grades e sem médios. Contudo soou perfeito no HotRod Deluxe Edição limitada que toquei numa loja nos EUA durante a Saga das R9 do Paulo. Talvez tenha sido o melhor falante pra esse amp que eu já ouvi. Deu muita versatilidade e um calor a mais nos médios do Hot Rod Deluxe.
Custo médio: R$350,00- R$450,00






Eminence Red Coat The Governor

Eminence Red Coat The Governor - Novamente a versão da linha britânica da Eminence para os famosos Celestion V30  e realmente soa com uns 80% de similaridade, com a diferença de ter mais médio graves e menos agudos. Isso faz com que ele soe ainda mais cheio e redondo que o V30, especialmente em amps onde a tal ponta de agudos que mencionei é percebida.

No Mesa Boogie Mark V Combo ficou espetacular em todos os settings, pro meu gosto. Ficou menos agressivo e deixou o timbre todo mais redondinho e bonito sem perder a característica do Mesa. No entando se o amp já for meio macio na sua natureza o Governor pode abafar um pouco as coisas. Novamente funciona muito bem combinado com os agudos mais extensos do Wizard.
Custo médio: R$350,00- R$450,00






Eminence Patriot Texas Heat
Eminence Patriot Texas Heat - Uma proposta interessante da Eminence de fazer um falante com sonoridade American mas com médios mais proeminentes para esquentar um pouco o som dos amps Fender. Deu certo.
O Texas Heat é exatamente isso, graves robustos com aquela profundidade Fender e agudos mais redondinhos (características extremamente American) com uma pitada de médios que deixa o som LEVEMENTE mais gordo nos drives. No Blues Junior ficou simplesmente absurdo praquela sonoridade semi-clean que é o forte dele, deixando os graves mais definidos e os médios com um toque de agressividade e definição.


No Fender Deluxe Reverb também soou muito bem. Não é a toa que os caras da Tone Quest Report declararam que o Texas Heat melhorou quase todos os amps em que eles o testaram. Só pra constar a versatilidade do mesmo, Dimebag Darrel usava 4 Texas Heat nos seus gabinetes 4x12 (os amps eram geralmente Randall) com o Pantera... Preciso dizer mais? Rsrs!
Custo médio: R$350,00- R$450,00


OUTROS CELESTION:

Celestion Seventy 80 -  Equipa muitas caixas de diversos fabricantes modernos por sua maior extensão de frequencias. O Seventy 80 é pra mim o sinônimo do CRUNCH britânico, com graves contidos para não embolar e uma linha de médio-agudos mais agressiva. Pra hard Rock anos 80 e timbres mais "High-gain não tem erro, mas pode soar um pouco agressivo demais em drives mais leves e com pouco "headroom" nos timbres limpos. Se empurrado com um pouco mais de força dirtorce fácil. É uma boa opçào custo-benefício para quem quer um amp com linhagem britânica mais simples.
Celestion G12T-75 - Desenvolvido para devastar o mundo HIGH GAIN, segura bem o alto ganho e mantem a definição sem soar estridente e abelhudo demais. Cleans definitivamente não são seu forte, mas com agudos um pouco mais redondos ele se comporta melhor que o Seventy 80 em drives mais amenos.  Equipam as atuais caixas inglesas 4x12 da Marshall e são os atuais favoritos de um tal guitarrista neo-classico de origem Sueca. Alguem arrisca um nome ? ;-)



Jensen

Jensen C12K - Parte da linha chamada de "Vintage Ceramic" , vem de fábrica no Fender Deluxe Reverb Reissue que eu tenho. Nunca o testei em nenhum outro amp, mas no meu DRRI é tudo o que se pode querer de um bom timbre classico de Fender, graves e agudos com ampla extensão sem soar moles ou estridentes demais, com uma pitada de médios que da um bom corpo no som. Gostei muito desse falante e confesso que quando comprei o DRRI já estava pensando em colocar um Texas Heat, mas o C12K me fez mudar de ideia. Excelente escolha pra deixar amps Fender um pouco mais versáteis do clean ao Rock. Só não se comporta tão bem com sons muito modernos, pois a extensão ampla de graves e agudos faz com drives mais fortes embolem nos graves e fiquem meio abelhudos nos agudos. É com certeza um falante pra quem quer sons mais Vintage!


Jensen C12N - Mais um da linha Vintage Ceramic, o C12N vem no Blues Jr Tweed e faz milagres nesse amp. O timbre no geral é grande e bonito com graves bem presents e uma extensa linha de agudos, o famoso CHIME de todo Fender. No Blues Jr ele tira a estridência que o Legend 1258 original pode causar e preenche um pouco melhor os médios fazendo ele soar muito bonito especialmente numa situaçào QUASE crunch.
Pootzz, plugue uma Strato direto no blues Jr e seja muito feliz!! No entanto, o mesmo comentário do C12K se extende ao C12N, ele não gosta muito de sons muito modernos.
Com os agudos ainda mais extensos, é facinho que ele fique meio "fuzzii" demais, mas na minha opinião é um dos melhores falantes pra timbres clássicos num Blues Junior. :-D


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Vale lembrar que 99% dos falantes de guitarra devem ser amaciados para que falem seu 100%. O "break-in" período normalmente varia entre 30-40 horas de uso e serve para que o "doping" (aquela cola que encontramos nas bordas do cone) e o "spider" (que liga o centro ao imã) se soltem e passem a trabalhar de maneira mais livre. Dependendo do Amp e Falante o processo de break-in pode resultar em drásticas diferenças de timbre, sendo que os falantes novos tendem a soar com uma ponta de agudos e sem a profundidade de um falante já amaciado. Quanto maior a potência mais tempo para amaciar em geral. Os Eminence de maneira geral tendem a vir mais "duros" de fábrica e abrem mais com o uso que os Celestion, que mudam menos. Alguns fabricantes de amps já fazem um pré amaciamento na fábrica para que o amp já chegue soando bem e existem inúmeras técnicas usadas para amaciar os bichos, mas a melhor ainda é tocar e tocar :-)!

Como podem ver, as experimentações são muitas e as combinações ainda maiores. O melhor jeito de saber o que gosta é testando com seu amp, sua guitarra e sua pegada para chegar no seu som. É um longo porém divertido caminho!! :-)

       

QUEST FOR TONE!!!

Abraço!



PS: (Paulo May): 
Volto a dizer que  a utilização do Amplitube é ideal para fazermos exercícios de timbragens, pois com ele podemos combinar diversos amps conhecidos com alto falantes clássicos. Como soaria um Fender Pro Junior numa caixa/gabinete Vox com dois falantes de 12 polegadas Celestion Alnico Blue? O Amplitube resolve parte do mistério ANTES de arriscarmos o investimento num novo alto-falante :)

Em se tratando de alto falantes, eu não tenho tanta experiência quanto o Oscar, mas acho que já toquei em dezenas, talvez centenas de combinações ao longo das últimas 3 décadas :). O mestre Bruce Egnater uma vez relatou numa entrevista que eles testam praticamente todos os alto falantes (relevantes) do mercado durante a criação de seus amplificadores pra ter a melhor combinação possível. Eu sigo essa regra - que, é importante lembrar, só é aplicável em amps mais caros, onde não há preocupação com a redução de custos e raramente sinto o impulso de experimentar outro alto falante em alguns amps. A prova disso foi a situação que descrevi com o Tiny Terror. Entretanto, o meu Fender Blues Júnior soou mais agradável com o Eminence Private Jack do que o Eminence genérico que vem nele... Já o Mesa Boogie soa geralmente bem (um pouco duro nos cleans pq é de 10 polegadas) com seu próprio falante mas adquire uma outra personalidade com o Celestion - fica na manga...
Tenho uma caixa com um Jensen da década de 60 de alnico só pra utilizar com amps "Class A" de baixa potência quando desejo um som blues absolutamente vintage. O Private Jack também está disponível em outra caixa. Some o Celestion H30 e eu acho que tô razoavelmente bem servido no que vai de blues a hard rock,







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