Aria Pro II (TS-300)
Luthier

Aria Pro II (TS-300)



       Essa guitarra é um exemplo típico de "pechincha de loja". Depois que aprendi um pouco sobre guitarras, ficou muito mais fácil avaliá-las. Assim, sempre que passo nas lojas daqui, o primeiro lugar que vou é na seção de usados. Já comprei umas quatro guitarras excelentes por preços ridículos. Essa Aria Pro II TS-300 é uma delas - corpo com laterais de Nato (de início, achei que fosse mogno, mas é o melhor Nato que já ouvi), centro de maple com nato, braço de maple em 3 peças. 1981, feita na fábrica da Matsumoko (Aria) no japão. Tudo isso pela bagatela de 400 reais!
Originalmente ela é assim (do catálogo da Aria de 1981):


Ponte string through body fixa, braço parafusado (mas com um encaixe perfeito, típico das Arias) dois (horríveis) humbuckers cerâmicos (muito comuns na época) e, infelizmente, aquele headstock enorme e feio.
    A que eu comprei havia sido modificada com uma excelente ponte Kahler (também muito comum na época e agora voltando com força), mas para minha tristeza, o antigo dono cavou a madeira para colocá-la (é necessário). Eu queria colocar uma ponte "wraparound" mas a Kahler, após ser travada, acabou desempenhando bem esse papel.
De cara, troquei os captadores por humbuckers de alnico, refiz o headstock e troquei as tarrachas originais, do tipo "vintage" por Grovers.
(Uma observação: quanto aos captadores originais, que qualifiquei como "horríveis", devo mencionar que esse modelo (Aria Protomatic II) geralmente é bem criticado (procure pelos reviews da TS-300 no link da Harmony Central aqui no blog), mas os que vieram nessa, talvez pelo péssimo estado e oxidação, realmente estão entre os piores humbuckers cerâmicos que ouvi.)

      O som ficou legal e tal, mas não era melhor do que outras guitarras de mogno com tampo de maple. Tentei vários tipos de humbucker, Seymours, Rosar... Todos soaram bem, mas nada excepcional. Um dia, vi um P-90 Kent Armstrong na Mensageiro Musical por 55 reais. Por esse preço, pensei, "deve ter imã cerâmico..." Abri o captador e me surpreendi com a construção e um belo par de imãs de alnico! Como já havia me surpreendido com os Lipstick, imaginei que estava na hora de experimentar também um P-90. Se não gostasse, tudo bem, eram baratos mesmo.
A escolhida para recebê-los foi essa Aria, é óbvio - não tinha nada a perder e a minha idéia era usar P-90 em guitarra de mogno. Claro, ela é de Nato e sempre torci o nariz para o Nato e Agathis, mas, não sei se pela época ou pelo padrão de qualidade da fábrica (seleção das madeiras), ou o centro de maple, dando mais brilho, nessa guitarra em particular ele soa excelente, equilibrado como o mogno.

      Quando toquei a Aria com os P-90 pela primeira vez, quase caí para trás! Meu Deus! É uma mistura perfeita e impossível de Telecaster com Les Paul! O timbre tem o corpo e a densidade de uma Les Paul e a mordida e presença absurda de uma Telecaster (me lembrou muito a força e beleza dos médios da minha 68).Geralmente recomenda-se potenciômetros de 250K e capacitores de 0.047uf para os P-90, e não tenho certeza se o potenciômetro de volume é de 500K realmente. Como o capacitor é 0.047, imagino que pelo menos os pots de tonalidade sejam de 250K. Para instalar esses P-90, tive que pedir ao luthier para aumentar as cavidades dos humbuckers e ele mesmo fez as ligações, por isso não sei os valores exatos dos pots. Mas ficaram bons e não vou trocá-los.
O P-90 tem ainda mais ruído que um single comum, mas com um som desses, ruído é o que menos importa.
E são Kent Armstrong (Sky - chineses)... :) Quem diria... Os P-90 do Jason Lollar são considerados hoje os melhores do mundo. Sou capaz de comprar um só para ver (ouvir) até onde essa guitarra pode chegar... :)

Bem, fiquei tão satisfeito com esses Kent Armstrong  que até comprei mais dois, encomendei um corpo de tele de mogno e vou ter outra guitarra com P-90!
Como havia mencionado no post da "Strato Lipstick", esses dois tipos de captadores me serviram de lição. Tenho evitado ainda mais os conceitos teóricos. Havia lido (inúmeras vezes) que os P-90 têm o som semelhante ao single tradicional mas "mais gordo". Nada disso, seu som é único. P-90 tem som de P-90!. Idem para os Lipstick.
Agora, para dizer se gosto ou não, só após tocar e ouvir.

PS: Essas Arias da década de 70 e 80, todas feitas no Japão, são guitarras excelentes e geralmente confundidas com guitarras chinesas de baixa qualidade. Dessa linha, os modelos TS-400 (Sycamore e Maple) e TS-600 (Walnut e Maple) são ainda melhores e têm braços colados. Fique de olho nas pechinchas! :)

Especificações
Corpo: Nato com centro laminado de Maple/Nato
Braço: Maple, 3 peças, formato em "C".
Escala: 25", Rosewood, Raio: 12" (ou menor). 24 trastes.
Tarraxas: Grover Mini Rotomatics.
Captador Ponte: P-90 Kent Armstrong - 8,2K
Captador Braço: P-90 Kent Armstrong - 8,2K
Ponte: Kahler, travada.
Pots e capacitor: vol 500K (?), tone 250K, 0.047uf
Chave 2PDT - configurada para cortar o sinal.





loading...

- Epiphone Les Paul Special
Essa eu ganhei de "brinde" ao comprar uma Aria semi acústica, em 2004 ou antes. É daquelas ruins, com corpo laminado de folhas de maple e alder. Se tirar um parafuso, o local "esfarela" de tal maneira que não dá mais pra recolocá-lo. Uma piada....

- Stratocaster "lipstick"
         Recentemente tive duas surpresas muito agradáveis com dois tipos de captadores nos quais não tinha muito interesse até então: singles "Lipstick" e P-90. A estória do P-90 fica para o próximo post,...

- Les Paul Chinesa
(Já que num post anterior vimos uma Epiphone chinesa, vou aproveitar o embalo): Guitarra clone de Les Paul feita na China. Provavelmente no "turno da noite" de alguma fábrica que faz ou fez Epiphones. Teoricamente, é uma Epiphone. Eles até aproveitam...

- Fender Telecaster 1968
         Adquirida em 1987, completamente original. Infelizmente na época não tinha o conhecimento e nem interesse por instrumentos "vintage". Eu a comprei porque era uma tele excepcional. Após 2 meses, o captador...

- Cort G260
                Comprada em 2007/2008 por cerca de 900 reais. Feita na Cort Indonésia. Pelas madeiras, hardware e construção, uma verdadeira pechincha. Após ler as especificações no site da Cort, decidi comprá-la....



Luthier








.