Luthier
Para primeira postagem vou ter que pegar a máquina do tempo e voltar a uma data estelar num passado remoto... No ano de 1998 eu adquiri uma Danelectro 56-U2, CopperBurst, igual a da foto abaixo, quando veio novinha da loja:
Uma curiosidade: Ela custou na Thoroughbread Music na época, mais um bag deles, US 286.00!!! Vi há algum tempo numa propaganda a nova reedição da 56-U2 a US$ 419.00 e o Baby Sitar sendo vendido a US$ 499.00, creio que na Guitar Center...
Mal sabia a coitada da Dano que sofreria diversas torturas (apesar de sempre leves e objetivas). Ela se tornou então uma guitarra alternativa a minha Stratocaster WannaBe da época: uma Parker de olho puxado P-30.
Os captadores Lipstick tem um som que, pra mim, é um passo além do single da Fender Stratocaster: mais brilhantes e articulados, bem transparentes, diria até meio "acústicos". No entanto o meu som preferido é o resultante da combinação dos dois captadores. E um dado interessante é que a chave seletora de captadores, no caso da Dano, é configurada de forma que os captadores são ligados em série e não em paralelo, como é comum nas Strats, Teles e LesPas da vida. Isso cria um timbre mais forte sem perder muito o detalhamento e transparência dos Lipsticks. Mas aí começou a rotina de mods que a U2-56 passou a enfrentar, pois na minha guitarra ao menos, os captadores vinham nas mesmas polaridades magnética e elétrica. Ou seja, mesmo combinados de forma que no meu entender seria análoga a um captador humbucker, não havia cancelamento de ruído. Pra dizer a verdade o ruído aumentava... Argh!!!
Eu procurei por informação sobre os captadores Lipstick's e na época havia muito pouca coisa disponível. Depois com o tempo até consegui alguma coisa e hoje em dia a quantidade de informação disponível na rede ainda não é abundante, mas existem mais dados, fotos e ideias sobre eles. Lembro de ter pedido ajuda à Danelectro e fui respondido muito gentilmente, mas sem nenhum tipo de solução possível da parte deles. No final das contas abri o invólucro tipo batom e tentei inverter o imã, mas do jeito que se apresentava acabei desistindo, pois ia acabar destruindo o captador. Aproveitei para tirar algumas fotos. A construção desses captadores é bem diferente, já que o fio da bobina é enrolado à volta da barra de Alnico como mostrado no desenho ao lado. Depois de algum tempo acabei comprando um par de captadores Lipstick e usei um deles, com o imã e a polaridade elétrica invertidos em relação aos originais, colocando-o na posição próxima à ponte, deixando o captador original da posição próxima ao braço.
Algum tempo depois comecei a ter ideias mais malucas em relação à Dano, e passei a pensar na possibilidade de transformá-la numa Electric Sitar!!! Há muito tempo atrás o Senhor Vincent Bell, músico conhecido no meio musical americano e, entre muitas outras coisas, criador do famoso tema romântico do filme "Airport", criou junto à Danelectro original a Choral Electric Sitar. Para mim seria uma mão na roda, pois eu já fazia parte da banda Luz da Ásia e daria certamente um "plus' no arsenal sonoro da banda. Além daquilo já ser um ícone entre os mais desejados instrumentos que habitavam meu imaginário musical. O Electric Sitar, seja na versão original Choral do Mr Bell, ou na versão mais enxuta e econômica Baby (sem as cordas simpáticas e com apenas um captador), estavam presentes em muito do que ouvi, de rock progressivo à black music. Já pro pessoal mais novo, é possível que se tenha escutado no arpejo da música "For the Love of God" do grande Steve Vai!
Na época em que pensei nessa possibilidade só havia duas formas de se conseguir um Electric Sitar pronto: ou encontrava um Danelectro (Choral ou Baby) antigo ou comprar uma reedição (inclusive de qualidade muito superior à do original) feita pelo Jerry Jones, agora aposentado. As duas possibilidades encontravam-se fora do meu orçamento de então. e foi aí que, observando o Sitar acústico indiano de meu grande e querido irmão espiritual Mit Mujalli, que compreendi a engenhosidade da ponte "Jawari" tradicional do sitar, que mais parece um altar em miniatura. O segredo(?) basicamente é que as cordas vibram de encontro à parte superior até quase o final da largura desse platô, ao invés de simplesmente estarem pousadas apenas sobre um ponto de ângulo bem agudo como na maioria das pontes de guitarra são.
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Passei então a fazer experiências com a ponte original da Dano! Primeiro troquei a peça de madeira, que compõe o "rastilho" e ajusta as oitavas (pobremente...), por uma peça de osso de boi que se encontra em algumas casas de instrumentos musicais. Fui esculpindo a peça de osso desajeitadamente e com o tempo consegui resultados interessantes, mas nunca plenos... Nunca todas as cordas afinavam e soavam "sitarentas" ao mesmo tempo. Até que um dia me deparei com um produto que me atenderia magicamente: a BUZZ Bridge da GOTOH. Não era o produto mais fácil de achar e tive problemas para comprar de um dito especialista em partes para Danelectro que na verdade nunca me foi entregue... Até que encontrei no Ebay ou na AllParts, não lembro bem, e depois de algumas semanas a danada chegou!
Não havia muitas outras opções que eu soubesse àquela época. Assim a felicidade foi grande ao colocar a BUZZ Bridge no lugar e poder ouvir "aquele timbre", para mim quase mágico. A princípio a troca é direta, sem necessidade de furação extra, pois a ponte encaixaria diretamente nos mesmos três parafusos originais, tendo as molas que a acompanham como auxiliares no ajuste. É importante notar que a ponte não tem lugar para prender o final da corda! Como eu sabia que teria que esperar um bom tempo pra receber a ponte BUZZ da GOTOH, logo após fazer a compra via internet, pedi aqui pelo ML um acessório necessário para a instalação correta da ponte: um cordal. Assim quando a ponte GOTOH chegou eu já estava com o cordal na mão. Obviamente há outras maneiras de se prender as cordas, dependendo de sua habilidade, com peças de metal que podem ser até mais eficazes.
O maior desafio mesmo foi de ajustar de maneira excelente a ponte. Para que todas as cordas tenham o timbre desejado e a afinação das oitavas não seja comprometida. Para isso foi necessário um corte na extensão de algumas das molas que acompanham a ponte e a sustentam. E até um pequeno ajuste do ângulo do braço acabou por facilitar o funcionamento geral da ponte e melhorou a tocabilidade geral do instrumento.
Um ou dois anos depois a chave seletora, visivelmente de baixa qualidade começou a dar sinais de mal funcionamento, o que é bem irritante! Pra variar, também não pode ser substituída por uma chave comum como as usadas nas Gibson/Epiphone, pois a combinação dos dois captadores precisavam dessa ligação em série e não em paralelo. As únicas, naquele tempo, que achei para substituição eram iguais à original, ou seja, logo quebrariam também...
A de três posições de alavanca que vinham nas Fender até poderiam resolver, mas eu não queria ter que criar aquela furação toda. Acabei optando por uma chave rotativa apelidada comumente nos meios de técnicos em eletrônica de "chaves de onda". Tranquilo, passou a funcionar muito bem!
Depois cheguei a trocar as tarraxas, mas não fiquei muito satisfeito com as novas... Devo procurar umas Kluson de verdade, pois o meu E.Sitar Trans merece!
Curiosidade: uma lista com canções POP conhecidas que fazem uso do Electric Sitar
http://www.keno.org/polls/poll_results.asp?PollNumber=1137&PollCategory=Rock-N-Roll&PollType=Weekly
Hoje em dia há várias e novas opções de Electric Sitars no mercado. e entre elas a ROGUE e a Italia Modena, que copiam o modelo Choral, e a própria nova Danelectro que relançou o modelo Baby. Existem também outros acessórios e detalhes de hardware que permitem a conversão de guitarras "normais" como Strats e Teles, em Electric Sitars. Uma empresa bem interessante é a Eyb Guitars, eles fazem pontes completas especiais para conversão de guitarras de vários tipos.
Link de um Blog bem legal que me deu alguma informação interessante: http://www.themusiczoo.com/blog/2011/af110-the-coral-electric-sitar/
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Recentemente tive duas surpresas muito agradáveis com dois tipos de captadores nos quais não tinha muito interesse até então: singles "Lipstick" e P-90. A estória do P-90 fica para o próximo post,...
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Eu me confesso fã dos tais captadores Lipsticks usados a princípio nas Danelectros (Não confundamos com os captadores também de bobina simples e cobertos com uma capa metálica da posição do braço das Fender Telecasters!). Porém é sempre bom...
Luthier
Electric Sitar Trans (Danelectro)
Para primeira postagem vou ter que pegar a máquina do tempo e voltar a uma data estelar num passado remoto... No ano de 1998 eu adquiri uma Danelectro 56-U2, CopperBurst, igual a da foto abaixo, quando veio novinha da loja:
Uma curiosidade: Ela custou na Thoroughbread Music na época, mais um bag deles, US 286.00!!! Vi há algum tempo numa propaganda a nova reedição da 56-U2 a US$ 419.00 e o Baby Sitar sendo vendido a US$ 499.00, creio que na Guitar Center...
Mal sabia a coitada da Dano que sofreria diversas torturas (apesar de sempre leves e objetivas). Ela se tornou então uma guitarra alternativa a minha Stratocaster WannaBe da época: uma Parker de olho puxado P-30.
Os captadores Lipstick tem um som que, pra mim, é um passo além do single da Fender Stratocaster: mais brilhantes e articulados, bem transparentes, diria até meio "acústicos". No entanto o meu som preferido é o resultante da combinação dos dois captadores. E um dado interessante é que a chave seletora de captadores, no caso da Dano, é configurada de forma que os captadores são ligados em série e não em paralelo, como é comum nas Strats, Teles e LesPas da vida. Isso cria um timbre mais forte sem perder muito o detalhamento e transparência dos Lipsticks. Mas aí começou a rotina de mods que a U2-56 passou a enfrentar, pois na minha guitarra ao menos, os captadores vinham nas mesmas polaridades magnética e elétrica. Ou seja, mesmo combinados de forma que no meu entender seria análoga a um captador humbucker, não havia cancelamento de ruído. Pra dizer a verdade o ruído aumentava... Argh!!!Sucesso!!! Ruído banido da posição da seletora no meio sem perder o timbrão!!!
Algum tempo depois comecei a ter ideias mais malucas em relação à Dano, e passei a pensar na possibilidade de transformá-la numa Electric Sitar!!! Há muito tempo atrás o Senhor Vincent Bell, músico conhecido no meio musical americano e, entre muitas outras coisas, criador do famoso tema romântico do filme "Airport", criou junto à Danelectro original a Choral Electric Sitar. Para mim seria uma mão na roda, pois eu já fazia parte da banda Luz da Ásia e daria certamente um "plus' no arsenal sonoro da banda. Além daquilo já ser um ícone entre os mais desejados instrumentos que habitavam meu imaginário musical. O Electric Sitar, seja na versão original Choral do Mr Bell, ou na versão mais enxuta e econômica Baby (sem as cordas simpáticas e com apenas um captador), estavam presentes em muito do que ouvi, de rock progressivo à black music. Já pro pessoal mais novo, é possível que se tenha escutado no arpejo da música "For the Love of God" do grande Steve Vai!
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| Choral Electric Sitar |
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| Baby Electric Sitar |
Na época em que pensei nessa possibilidade só havia duas formas de se conseguir um Electric Sitar pronto: ou encontrava um Danelectro (Choral ou Baby) antigo ou comprar uma reedição (inclusive de qualidade muito superior à do original) feita pelo Jerry Jones, agora aposentado. As duas possibilidades encontravam-se fora do meu orçamento de então. e foi aí que, observando o Sitar acústico indiano de meu grande e querido irmão espiritual Mit Mujalli, que compreendi a engenhosidade da ponte "Jawari" tradicional do sitar, que mais parece um altar em miniatura. O segredo(?) basicamente é que as cordas vibram de encontro à parte superior até quase o final da largura desse platô, ao invés de simplesmente estarem pousadas apenas sobre um ponto de ângulo bem agudo como na maioria das pontes de guitarra são.
Passei então a fazer experiências com a ponte original da Dano! Primeiro troquei a peça de madeira, que compõe o "rastilho" e ajusta as oitavas (pobremente...), por uma peça de osso de boi que se encontra em algumas casas de instrumentos musicais. Fui esculpindo a peça de osso desajeitadamente e com o tempo consegui resultados interessantes, mas nunca plenos... Nunca todas as cordas afinavam e soavam "sitarentas" ao mesmo tempo. Até que um dia me deparei com um produto que me atenderia magicamente: a BUZZ Bridge da GOTOH. Não era o produto mais fácil de achar e tive problemas para comprar de um dito especialista em partes para Danelectro que na verdade nunca me foi entregue... Até que encontrei no Ebay ou na AllParts, não lembro bem, e depois de algumas semanas a danada chegou!
Não havia muitas outras opções que eu soubesse àquela época. Assim a felicidade foi grande ao colocar a BUZZ Bridge no lugar e poder ouvir "aquele timbre", para mim quase mágico. A princípio a troca é direta, sem necessidade de furação extra, pois a ponte encaixaria diretamente nos mesmos três parafusos originais, tendo as molas que a acompanham como auxiliares no ajuste. É importante notar que a ponte não tem lugar para prender o final da corda! Como eu sabia que teria que esperar um bom tempo pra receber a ponte BUZZ da GOTOH, logo após fazer a compra via internet, pedi aqui pelo ML um acessório necessário para a instalação correta da ponte: um cordal. Assim quando a ponte GOTOH chegou eu já estava com o cordal na mão. Obviamente há outras maneiras de se prender as cordas, dependendo de sua habilidade, com peças de metal que podem ser até mais eficazes.
O maior desafio mesmo foi de ajustar de maneira excelente a ponte. Para que todas as cordas tenham o timbre desejado e a afinação das oitavas não seja comprometida. Para isso foi necessário um corte na extensão de algumas das molas que acompanham a ponte e a sustentam. E até um pequeno ajuste do ângulo do braço acabou por facilitar o funcionamento geral da ponte e melhorou a tocabilidade geral do instrumento.
Com tudo bem ajustado, aí foi só alegria! E aproveitei então pra fazer um pequeno clip com os primeiros sons da nova Electric Sitar Trans:
Um ou dois anos depois a chave seletora, visivelmente de baixa qualidade começou a dar sinais de mal funcionamento, o que é bem irritante! Pra variar, também não pode ser substituída por uma chave comum como as usadas nas Gibson/Epiphone, pois a combinação dos dois captadores precisavam dessa ligação em série e não em paralelo. As únicas, naquele tempo, que achei para substituição eram iguais à original, ou seja, logo quebrariam também...
A de três posições de alavanca que vinham nas Fender até poderiam resolver, mas eu não queria ter que criar aquela furação toda. Acabei optando por uma chave rotativa apelidada comumente nos meios de técnicos em eletrônica de "chaves de onda". Tranquilo, passou a funcionar muito bem!
"Criador e Criatura"
Curiosidade: uma lista com canções POP conhecidas que fazem uso do Electric Sitar
http://www.keno.org/polls/poll_results.asp?PollNumber=1137&PollCategory=Rock-N-Roll&PollType=Weekly
Hoje em dia há várias e novas opções de Electric Sitars no mercado. e entre elas a ROGUE e a Italia Modena, que copiam o modelo Choral, e a própria nova Danelectro que relançou o modelo Baby. Existem também outros acessórios e detalhes de hardware que permitem a conversão de guitarras "normais" como Strats e Teles, em Electric Sitars. Uma empresa bem interessante é a Eyb Guitars, eles fazem pontes completas especiais para conversão de guitarras de vários tipos.
Link de um Blog bem legal que me deu alguma informação interessante: http://www.themusiczoo.com/blog/2011/af110-the-coral-electric-sitar/
No próximo "episódio" penso em mencionar alguns dos pedais e efeitos que mais gostei de usar com a nova Electric Sitar Trans! Até lá!
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- Stratocaster "lipstick"
Recentemente tive duas surpresas muito agradáveis com dois tipos de captadores nos quais não tinha muito interesse até então: singles "Lipstick" e P-90. A estória do P-90 fica para o próximo post,...
- Fuzzelagem - Episódio 3
Octave Up Fuzzes!!! Dois momentos totalmente distintos que chamaram minha atenção para esse tipo específico de Fuzz: primeiro quando ouvi o Octavia usado pelo Hendrix em "Who Knows" no Band of Gypsys e depois quando ouvi a primeira faixa do álbum...
- Como Assim A Marca é Vintage? Personalizando Uma Vintage V6ssb Reissued
...Ou como começou meu caso de amor com a VINTAGE... Num belo sábado, há alguns anos atrás, poucos, fui a uma loja de instrumentos musicais na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, a Barra Music, para comprar uma guitarra muito barata e indicada pelo...
- Fuzzelagem - Episódio 1
Electro Harmonix Big Muff π Não posso dizer que o EHX Big Muff π tenha sido meu primeiro fuzz, pois tive um "multi-efeitos" da SOUND antes dele, o qual continha um Uá-Uá, uma Distorção (um fuzz só dentes e pêlos!!!), um efeito...
- Efeitos Usados Com O Electric Sitar Trans Ao Longo Dos Anos... 1ª Parte
Eu me confesso fã dos tais captadores Lipsticks usados a princípio nas Danelectros (Não confundamos com os captadores também de bobina simples e cobertos com uma capa metálica da posição do braço das Fender Telecasters!). Porém é sempre bom...